quarta-feira, setembro 29, 2010

Metade anjo, metade demônio. - Parte II











    Foi um erro desde o início e eu bem sabia disso, mas teu brilho cegou meus olhos e aquelas palavras bonitas e promessas fáceis de felicidade iludiram-me. O que ocorreu nos primeiros dias foi uma explosão de bons sentimentos misturados com uma vontade e uma nostalgia de ser feliz, de ter aquela felicidade que eu havia abandonado por você
    Tu não deixavas de ser como o outro: metade anjo, com seus olhos ternos, seu jeito dócil e sua voz inexplicável. E metade demônio, com abraços quentes e beijos que levavam quase ao delírio. Como uma droga da qual eu tinha mais e mais necessidade com o passar do tempo, como se fosse mandado exatamente para confundir, afinal, mesmo quando eu tinha o outro em meus braços, eu tinha uma necessidade de ti. Há diferença é que dele eu tinha uma necessidade de alma, me entende? Saber se está bem, se dormiu bem, se comeu bem. E de ti era uma necessidade de corpo, de pele com pele, de toque, de sentir o teu calor, o teu cheiro, que parecia ser feito exatamente para agradar o meu olfato. A tua pele macia, o jeito com que as palavras tomam forma na tua boca, a tua voz, e enquanto escrevo isso, relembro e cada célula do meu corpo entra em choque e faz um turbilhão passar cá dentro. E por falar em choque, é quase suicídio deixar tua pele encostar-se à minha, és tão intenso que chego a ficar fora de mim. Ás vezes chega a doer, contudo é tão bom que peço que faça doer.

    Também não vale nada, sabe que não resisto e chega perto, perto demais, esperando que eu te puxe pra mais perto ainda, e faz com que alguma coisa dentro de mim desmorone e leve junto a parte racional. Então as coisas fluem e quase me esqueço que depois disso vem a guerra, uma guerra em que sei que não vou sair vitoriosa, a não ser pela intensidade das coisas sentidas antes dela. 

    No final, eu sei que vou para o inferno, mas que culpa tenho eu de ter aparecido mais um anjo-demônio na minha vida? Que culpa tenho eu de ser fraca?

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